quinta-feira, 31 de março de 2016

"Ensinar não é transferir conhecimento" - Paulo Freire

"Saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção".

Pensar certo - e saber que ensinar não é transferir conhecimento é fundamentalmente pensar certo - é uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos, ante nós mesmos. É difícil, não porque pensar certo seja forma própria de pensar de santos e de anjos e a que nós arrogantemente aspirássemos. E difícil, entre outras coisas, pela vigilância constante que temos de exercer sobre nós próprios para evitar os simplismos, as facilidades, as incoerências grosseiras.

É cansativo, por exemplo, viver a humildade, condição "sine qua" do pensar certo, que nos faz proclamar o nosso próprio equívoco, que nos faz reconhecer e anunciar a superação que sofremos.
O clima do pensar certo não tem nada que ver com o das fórmulas preestabelecidas, mas seria a negação do pensar certo se pretendêssemos forjá-lo na atmosfera da licenciosidade ou do espontaneísmo. Sem rigorosidade metódica não há pensar certo.

"Como professor crítico, sou um 'aventureiro' responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente".

Nada do que experimentei em minha atividade docente deve necessariamente repetir-se. Repito, porém, como inevitável, a franquia de mim mesmo, radical, diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante os outros e o mundo mesmo e a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural, histórico, inacabado e consciente do inacabamento. Onde há vida, há inacabamento.

"Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando".

Outro saber necessário à prática educativa é o que fala do respeito devido à autonomia do ser do educando. Como educador, devo estar constantemente advertido com relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros.
O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua reação legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentais éticos de nossa existência.
É neste sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos.
Saber que devo respeito à autonomia do educando exige de mim uma prática em tudo coerente com este saber.

Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia - Saberes necessários à prática educativa, 2006, Editora Paz e Terra

Momentos de Infinita Alegria no final de mais de três décadas no ensino

"a professora nos ensinava da maneira correta...
aprendemos todos a ser
curiosos, pesquisar,
valorizar o que temos e
amar". (coração)

Obrigadaaaaa


Querida Marta

Passados quase quatro anos que deixamos de estar juntas diariamente, quando culminamos essa etapa de nossas vidas encenando uma peça de teatro "A História da Grande Torre" de Augusto Cury (lembras?!)
Findava o ano letivo de 2012 e vocês seguiam rumo ao Agrupamento para o 5º ano de escolaridade. Ler hoje estas poucas palavras - imensas no conteúdo, na grandeza de sentimentos e na intensidade de verdade e amor - me faz reavivar o quão valioso foi cada momento em que vivemos juntas (toda a turma).
Minha querida Marta você é a porta-voz da "nossa" turma, nesses três anos cada dia era uma linda "aventura" vivida com muita emoção, alegria, suspense, ação, música, poesia, arte, filmes, jogos, danças... sonhos reais e imaginários!

Durante esses três anos pudemos doar o que tínhamos de melhor, aprimorar dons pessoais e exercitar nossos talentos e capacidades.
Tuas palavras revelam que, afinal, sempre vale a pena ACREDITAR em tudo que vos ensinei e viver intensamente de corpo e alma cada olhar, cada palavra, cada gesto, cada abraço, cada minuto vivido dentro e fora da escola.

Muito obrigada por certificar minhas crenças que defendi e vivi desde o meu primeiro dia de aulas por cada escola que passei... em cada coração que toquei com meu infinito AMOR!

Muita LUZ!

quarta-feira, 30 de março de 2016

Desenvolvimento da Linguagem

O aprendizado da linguagem pela criança é um dos processos mais fascinantes que existe.
Notadamente, sempre fez parte de uma das preocupações, interesse e dúvida dos pais. 
Aos 8 meses, uma criança balbucia sons como "kikiki", "dadada" e "dibudibu". Apenas uns poucos meses depois você ouve as primeiras palavras; o vocabulário aumenta e, por volta dos 18 meses ou 2 anos, a criança começa a juntar palavras e formar as primeiras sentenças de duas palavras. Certamente, muitas das "sentenças" que a criança de 2 anos constrói não são o que você e eu poderíamos considerar como gramática muito boa. A criança diz "dá papa" ou "um açúcar" ou "aquele João".
Mas, como todas estas mudanças ocorrem? Por que uma criança pára de balbuciar? Será porque suas necessidades são melhores satisfeitas se ela falar? Provavelmente não. A primeira palavra de uma criança que eu conheço foi "ti" que significava "Tico" - o nome do gato da família. Eu duvido que as necessidades da criança fossem de qualquer forma melhor satisfeitas por ser capaz de dizer "Ti" para "Tico", embora ela engatinhasse avidamente pelo chão atrás do gato, chamando "Ti", "Ti". Assim, sendo, por que as palavras se desenvolvem? Os pais ensinam a criança a usar a palavra e reforçam cada nova palavra da criança? A criança aprende as palavras por imitação da linguagem dos adultos? Se for assim, por que não começam mais cedo? Por que as palavras não aparecem na sua forma correta? O que dizer sobre a primeira combinação de palavras em uma sentença? Embora muitas das primeiras sentenças de duas palavras não pareçam ter sentido para nós, elas têm uma regularidade e previsibilidade notáveis. Que tipo de regularidade? De onde ela se origina?
Há muitas perguntas. A linguagem na criança é algo que parece simples e óbvio quando nós pensamos nesta pela primeira vez; entretanto, quanto mais você pensa e aprende, menos simples e óbvio isto se torna. Nos últimos dez anos tem havido uma enorme manifestação de interesse e pesquisas sobre a linguagem das crianças, de forma que agora nós sabemos muito mais do que sabíamos sobre como são os sons, as fases que a criança percorre, etc. Mas nós ainda estamos longe de uma boa explicação.

Há muitas boas razões para se sugerir que o balbucio tem pouca ou nenhuma relação com o desenvolvimento das palavras e sentenças.
Assim, uma criança que está balbuciando, aparentemente não está praticando os sons que ela usará em suas primeiras palavras, ou melhor, há algum tipo de substituição entre o período de balbucio e o período da linguagem verdadeira.

Segundo Eric Lenneberg e outros, esta substituição ocorre como resultado de uma mudança fundamental no desenvolvimento neurológico da criança. Ela não pode aprender a criar palavras e sentenças até que tenha ocorrido uma certa quantidade de crescimento do cérebro e este crescimento necessário não tem lugar até cerca do fim do primeiro ano. Antes deste desenvolvimento, o balbucio e outros sons que o bebê produz têm, realmente, a natureza de um jogo, da mesma forma que mexer seus dedos é um tipo de jogo. Com o começo da linguagem real - palavras e sentenças - sua atividade parece mais proposital, mais guiada pelo intento de comunicar.

Martin Braine foi um dos primeiros a apontar as primeiras regularidades na linguagem da criança. Braine organizou as sentenças, em forma de grupos e, se percebe que há bastante ordem na linguagem inicial, a criança possui uma pequena coleção de palavras e as usa em muitas combinações diversas: "vê", "bonita", "meu", "isto", "noite", "mais", "cabô todo". Cada uma é um tipo de "deixa"; a criança usa muitas das outras palavras que conhece com elas. E cada uma destas pequenas coleções de palavras importantes sempre aparece no mesmo lugar nas "sentenças" da criança; "vê" sempre aparece no início enquanto "isto" sempre no fim. Braine chama esta pequena lista de palavras especialmente importantes de palavras-pivô. O grupo maior de palavras que a criança combina com as pivô é chamado de palavras-X.
Braine chegou à conclusão de que há uma grande regularidade na construção de sentenças da criança e que nós podemos enunciar um tipo de gramática para descrever o que a criança está fazendo. Ao nível mais simples possível, a criança parece usar uma regra algo semelhante a "pegue uma palavra pivô e depois combine-a com qualquer palavra-X. Se esta descrição do que a criança está fazendo for válida, então nós podemos ser capazes de seguir a regra e "falarmos criancês" tão bem quanto a criança o faz.
Um dos aspectos mais intrigantes desta abordagem para o estudo da linguagem infantil, é que se começa a dar um sentido às combinações realmente peculiares que uma criança produz. Quando uma criança diz "cabô todo sapato", é uma combinação que nós nunca teríamos feito, mas esta frase tem um sentido perfeitamente correto, na gramática da criança.

Helen Bee, A Criança em Desenvolvimento, Editora Harper & Row do Brasil, Lda, 

terça-feira, 29 de março de 2016

A disciplina e o desenvolvimento emocional da criança

Compreender as emoções

Para que a criança compreenda os sentimentos de alguém de forma a poder respeitá-los, ela tem de entender os seus próprios sentimentos. Desde o início da vida, a criança olha o rosto das pessoas que cuidam dela, escuta as suas vozes e sente o seu contacto corporal ao mesmo tempo. Um rosto familiar, uma expressão conhecida, uma voz doce, que acolhe o olhar e os abraços da criança, são tudo o que necessita para se sentir segura e confortável.
A aprendizagem das emoções começa pouco depois do nascimento. Aos 4 meses de idade a criança já olha os pais com um interesse tão grande, que os obriga a responder da mesma maneira, mas está apenas a começar a explorar o seu impacto nos sentimentos dos outros. Quando fica aborrecida e percebe que os pais também ficam, a surpresa torna-se evidente no seu rosto e na súbita fuga à situação, quando vira a cara. Dentro de seis meses, será capaz de reconhecer sete emoções diferentes no rosto das pessoas que cuidam dela - alegria, tristeza, raiva, medo, surpresa, aborrecimento, interesse - e é capaz de expressar essas mesmas emoções.
Aos 9 meses o bebê espera encontrar no rosto de quem cuida dele informação sobre toda e qualquer situação. Ele já "lê" as expressões faciais no sentido de descobrir o que estas têm a dizer-lhe sobre o mundo. Está a perceber o quanto as outras pessoas são importantes para ele - um passo em frente para aprender a gostar dos outros, para se esforçar por lhes agradar e para se controlar.

O estabelecimento de relações aumentará a aprendizagem da criança mais do que qualquer outra coisa. Primeiro a criança aprende o que está bem e o que está mal, para agradar aos pais. Sendo a disciplina uma aprendizagem, então qualquer medida disciplinar deve levar em conta a motivação emocional que está subjacente a toda a aprendizagem. 
A punição que faz com que a criança se sinta abandonada, ou receosa de nunca conseguir agradar aos pais, priva-a da motivação emocional para aprender com os erros.

Aos 2 ou 3 anos de idade, a criança irá sofrer por causa de sentimentos contraditórios e de desejos inatingíveis. Irá tentar reconhecer o que se passa dentro de si e procurar dar-lhe um nome.

Para evitar ser comandada pelas emoções, para não ser apanhada de surpresa por elas ou ainda para prevenir qualquer explosão que comprometa o seu comportamento, a criança precisa de:
  • Percepcionar as suas emoções como sensações distintas;
  • perceber o que as desencadeia;
  • perceber como elas começam a surgir e quando já se instalaram;
  • aprender o que pode fazer para se acalmar sozinha;
  • identificar o tipo de ajuda de que precisa e pedi-la;
  • aprender a compreender o significado das suas emoções e a respeitá-las e valorizá-las.

T. Berry Brazelton e Joshua D. Sparrow, A Criança e a Disciplina, 2004, Editorial Presença



"Ambiente caseiro" - André Luiz

A casa não é apenas um refúgio de madeira ou alvenaria, é o lar onde a união e o companheirismo se desenvolvem.
A paisagem social da Terra se transformaria imediatamente para melhor se todos nós, quando na condição de espíritos encarnados, nos tratássemos, dentro de casa, pelo menos com a cortesia que dispensamos aos nossos amigos.
Respeite a higiene, mas não transfigure a limpeza em assunto de obsessão.
Enfeite o seu lar com os recursos da gentileza e do bom-humor.
Colabore no trabalho caseiro, tanto quanto possível. Sem organização de horário e previsão de tarefas é impossível conservar a ordem e a tranquilidade dentro de casa.
Recorde que você precisa tanto de seus parentes quanto seus parentes precisam de você.
Os pequeninos sacrifícios em família formam a base da felicidade do lar.

É e será

Meu amigo, em cada golpe
Da luta que nos reclama,
A divisa em toda a parte
É sempre: "perdoa e ama".

Perante qualquer assalto
Do mundo que nos magoa,
A legenda, cada dia,
Será sempre: "ama e perdoa".

À frente de toda injúria,
Em forma de pedra e lama,
A fórmula do caminho
É sempre: "perdoa e ama".

Em toda dificuldade
Na fé que nos abençoa,
A senha, no amor de Cristo,
Será sempre: "perdoa e ama".

                                                 Casimiro Cunha, Grupo Espírita "Os mensageiros"

quinta-feira, 24 de março de 2016

Qual é o tamanho do seu saber?

"Tudo aquilo que o homem ignora, não existe pra ele.
Por isso o universo de cada um, se resume ao tamanho de seu saber".

          Albert Einstein

Releitura do Auto da Alma - minha obra preferida de Gil Vicente

"SENTIDO"
palavra que valorizo muito e que procurei em tudo que sempre fiz na vida - TER/FAZER SENTIDO para mim, para o outro ... na verdade é procurar os porquês (qual a razão) de se aprender isto ou aquilo, de se fazer algo, de se crer, lutar ou defender uma causa determinada...
Por mais claro que possa parecer para uma pessoa ou que faça parte dos comportamentos institucionalmente aceitos pela maioria (que não se questionam, apenas reproduzem conceitos que lhes são passados) primei por, em cada situação, buscar o SENTIDO daquilo que estava ensinando, falando ou assumindo a responsabilidade da vida do Outro (sentido de alteridade).

Numa altura, que já não sei referir, da minha vida escolar surgiu a Auto da Alma. Minha memória registrou, com algum deferimento, um "sentido" nessa obra que, por analogia, se aproxima àquilo que eu vejo que seja a nossa passagem aqui na Terra.

A caminhada da Alma, representa a nossa caminhada terrena.
A Santa Estalajadeira (Igreja), nossa Fé e crença no Criador.
O Anjo, nosso Anjo da Guarda (a "consciência" para algumas pessoas) que nos chama para o BEM.
Os demônios, as nossas tentações que, constantemente, nos aliciam, seduzem e apresentam meios e modos mais prazerosos de se alcançar a "felicidade".
Os quatro Santos da Igreja: Santo Agostinho, Santo Ambrósio, S. Jerônimo e S.Tomás como aqueles que apresentam "a mesa posta de iguarias" para a reconversão da Alma. Os alimentos: as insígnias da Paixão de Cristo.

Assim se resume, a Alma é o espírito do Homem.
A existência terrena é uma pousada ou casa de hóspedes.
Os quatro Santos da Igreja, as nossas crenças espirituais. É a estalajadeira que recebe a Alma. A mesa é o Altar, local onde recorremos para "alimentar" nossa Alma. Os alimentos, representados pelas dores de Cristo representam a certeza de que, mesmo sendo "servido" pelos açoites, a coroa de espinhos, a toalha de Verônica que limpou o rosto sofrido de Cristo e finalmente o crucifixo que representam as dificuldades que passamos na nossa caminhada (sempre muito mais leves do que toda a dor e sofrimento de Cristo), Cristo aceitou com humildade as injustiças e amorosamente clamou: "Pai, perdoai-os, pois eles não sabem o que fazem".

No Auto, "a Alma despe o vestido das vaidades e tira as jóias que o diabo lhe ofereceu. Conversão da Alma a Deus".

Oxalá possamos um dia chegar a esse ponto da caminhada onde nos despojaremos do Ego, do Orgulho, da Vaidade, da Ingratidão, das Luxúrias do corpo, dos falsos prazeres da carne (vícios de toda espécie) fugazes, momentâneos e com uma pesada fatura a pagar no futuro não só aqui como, e principalmente, quando fizermos a passagem para "a outra margem" (no plano espiritual).

Gil Vicente, "Auto da Alma", 1989, Porto Editora

quarta-feira, 23 de março de 2016

Ultimamente uma palavra tem sido muito recorrente - SONHOS

Sonhos...
a palavra nos reporta àqueles que produzimos quando mergulhamos no sono e, também aos sonhos que são gerados na "usina" de nossos projetos de vida.
Todos os anos, em todas as minhas salas de aula, havia uma poesia que, impreterivelmente estava presente "Jovem, idealize um grande sonho" de Masaharu Taniguchi. 
Motivei cada aluno a acreditar nos seus sonhos. Aliás, sonhávamos muito...juntos... 
  
O "tamanho" do sonho diário que idealizamos varia, na proporção da intensidade que vivemos cada gesto, palavra, atitude, crenças pessoais com cada pessoa que partilhamos esta caminhada da vida.
O sonho noturno passa por, segundo a filosofia da Seicho-No-Ie, antes de adormecermos alinharmos o volante do nosso veículo para a direção que queremos seguir, apaziguando nossa mente. De forma semelhante, a doutrina espírita recomenda que, antes de adormecer, façamos uma prece de orientação para nossos sonhos noturnos.

Sonhar...é uma forma de "esperança" desenhada por cada projeto de vida...

Dizem que "o sonho alimenta a vida" ... 
Os sonhos surgem em cada fase da nossa vida, desde a infância quando os sonhos nos fazem crer que tudo é possível e que temos toda uma vida "sem fim" para alcançá-los...
E só com o passar dos anos, vemos que não são tão simples tal como "balançar o narizinho de um lado para o outro" reportando ao meu tempo de criança como acontecia no seriado " A feiticeira" (faz um bom tempo!) mas, mesmo assim, não desmorecemos...
Corri atrás de muitos deles, uns (com muito esforço, determinação e fibra) foram alcançados, outros, por "obra do destino" diluíram-se por mudanças radicais das condições de vida e, outros foram "preteridos" por mim para realizar os sonhos de outras pessoas queridas...

E hoje?! Onde param os meus sonhos?!...

Algures no Universo. 

Paciência. Estou exercitando essa virtude. Esperanças?! Por vezes, não a encontro por perto; noutras me apego a elas para um dia...

Voltar a SONHAR!





Carta da Marta - Verdadeiro Amor Recíproco

Dedico esta pequena composição a uma professora...

Uma professora que não é como as outras. Dedico a uma professora que é especial para mim, que me fez seguir em frente, que me ajudou sempre que foi preciso, uma professora que significa muito para mim.
Nunca esquecerei aquele momento na reunião com os pais antes de começarem as aulas, para se conhecer a nova professora.
No início foi um pouco estranho, mas no final a professora disse-me no ouvido:
"Vamos passar um bom tempo juntas! Vai ser um ano fantástico! e de seguida me deu um beijinho :)
E sim, isso aconteceu. Foram uns anos muito especiais na minha vida. E continuam a ser!
Mesmo com um pouco de distância (sim, pouco, porque para quem ama está sempre pertinho!) continuamos a comunicar, a dar-nos bem, a contar as nossas experiências uma à outra.
Não sei mais que hei-de dizer...

Professora, eu gosto mesmo muito de você, nem consegue imaginar!

Obrigada por tudo (coração)

P.S.
Querida Marta, suas palavras recheadinhas de carinho e gratidão enchem meu coração de alegria e gratidão por você ter me ensinado muitas coisas também... temos uma linda história escrita em nosso coração para sempre!

 É como refiro no meu livro "a ação educativo-pedagógica é um processo de 'alimentação' mútuo entre o aluno e o professor (...) a ação educativa alimenta a relação educativa e vice-versa, gerando, consequentemente, um ciclo de funcionamento que, podemos dizer, é uma espiral porque, à medida que os intervenientes vão se alimentando mutuamente, vão evoluindo e vão se transformando" (Alves)

"Presente de Amor" da minha aluna Marta

"Saber Viver"
                            Cora Coralina

Não sei se a Vida é curta ou longa demais para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove...
E isto não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido a vida,
é o que faz
com que ela seja nem curta nem longa demais mas que seja
intensa
verdadeira e pura enquanto durar!

A professora está e sempre ficará no meu coração
Beijinhos e que Deus abençoe a si e à sua família!



Sua emoção é "terra de ninguém"?

Você sabe proteger sua emoção ou ela é terra de ninguém?
O ser humano coloca fechaduras em portas, janelas, carros e empresas para proteger aquilo que tem valor, mas, por incrível que pareça, não sabe colocar "fechaduras" em sua emoção que é a sua mais importante propriedade. Qualquer contrariedade, frustração, ofensa ou dificuldade a invade e furta sua tranquilidade. 
Não é isso uma incoerência absurda?

Não é sem razão que há tantos miseráveis morando em palácios. Eles nunca aprenderam a filtrar estímulos estressantes. Proteger e administrar a emoção é uma ferramenta fundamental para que o indivíduo consiga atingir a saúde psíquica e social, conquistando assim uma mente verdadeiramente livre.

O que você faz com seus pensamentos perturbadores e com os fantasmas que assombram a sua mente? Você sabe reciclá-los e administrá-los ou é escravo deles?
O pior escravo não é aquele que é algemado por fora, mas aquele que não é livre por dentro. Você é verdadeiramente livre?

Uma pessoa madura não dá as costas para seu conflito, seja ele qual for, mas aprende a transformar o caos em oportunidade criativa, a escrever os melhores textos da sua vida, ainda que com lágrimas, nos dias mais dramáticos da sua história.
Se você abrir mão de escrever a sua própria história, provavelmente seus erros, conflitos, culpas e traumas a escreverão.
A escolha é sua, completamente sua.

Se a sociedade o abandonar, a solidão é suportável, mas se você mesmo se abandonar, ela é intolerável. Se a sociedade o abandonar, ainda é possível caminhar, mas se você mesmo se abandonar, não há solo para pisar.

Augusto Cury, "Mente livre e Emoção Saudável", 2012

segunda-feira, 21 de março de 2016

"Mensagem aos Pais" nas palavras de Nietzsche narradas por Kentenich

Nietzsche teve clareza sobre a vida moderna, falando a seu respeito com vigor de expressão.
Advertiu não mais existir "reinos de crianças" por ter desaparecido o "reino de pais e mães autênticos". Não há crianças genuínas, porque não possuímos verdadeiros e autênticos pais. Avançando mais na afirmação, ousamos acrescentar que, por não haver pais genuínos, há tão poucas crianças religiosas. De modo instintivo, a criança transmite ao Pai Celeste a imagem do pai terrestre. E se a humanidade hodierna (atual, moderna) está doente e não consegue vincular-se a Deus, é porque o pai terrestre reflete demasiadamente pouco a imagem do Pai Eterno.
Importa, por conseguinte, que o pai, de modo acertado, torne a criança consciente da autoridade paterna e, consequentemente, da autoridade divina.

Diz-se que essencialmente a criança, até a idade de quatro a cinco anos, formou o caráter, em seu cerne. Entende-se que, até essa idade, os sentimentos e o Gemut (alma, temperamento, natureza, índole) da criança assumiram um rumo determinado; e o Gemut que agora é formado, acompanhará a criança durante toda sua vida.

Agere sequitur esse!
Por todo o meu ser hei de me constituir autor do procedimento da criança. Tenho de gerar certa docilidade no filho. Porém, pode e deve haver força e vigor atrás da minha autoridade paternal. A criança quer isso do pai. Força, firmeza, imutabilidade há de impregnar os gestos, a mente e todo o ser do pai.
Tudo tem de estar unido ao respeito profundo, canalizado a serviço da criança, a fim de lhe despertar as forças criadoras.
Não há nada mais belo e grandioso para um pai autêntico do que constatar poder dizer-se a si próprio: tornei-me para meu filho a imagem ideal de Deus. Pude esforçar-me, por meu procedimento, para gravar em meu filho a imagem de pai, a imagem de Deus e, deste modo, ele obteve um conceito autêntico e sadio de Deus. Algo mais belo não poderei legar ao filho.
Além disso cumpre ao pai transmitir ao filho a capacidade de dominar a vida profissional. Mesmo que não lhe angarie soma de dinheiro, a superação da vida lhe há de ser o melhor legado.
Por isso, escutai novamente: hoje há tão poucos reinos de crianças, tão poucos reinos divinos, porque raros são os reinos de pais. É um imperativo de peso para o pai nos sentidos corporal e espiritual pedir constantemente a graça da transformação e esforçar-se continuamente por adquirir a força formadora, de modo a não ceder simplesmente aos desejos do próprio coração, mesmo nas desilusões com a esposa e os filhos. O pai tem de ser a imagem primordial, da imagem de Deus Pai!

A vida possui outra possibilidade de corrigir a vivência errada de pai. Pessoas que, como crianças, nunca sentiram o verdadeiro amor paternal ou filial, mais tarde, nos anos de maturidade, poderão ser supridas se Deus lhes conceder filhos espirituais. Ao experimentar a filialidade espiritual, nelas se desenvolverá paternidade vigorosa. Mas isso supõe que tais pessoas sejam largamente abertas para os valores dos seus dirigidos. Infelizmente, isso se dá com a minoria delas. São racionais e orgulhosos em seu interior, tornando-se difícil a receptividade aos valores e sentimentos do outro.

José Kentenich, "Linhas fundamentais de uma Pegagogia Moderna", 1984, Movimento Apostólico de Schoenstatt

Cura real

Não trate apenas dos sintomas, tentando eliminá-los sem que a causa da enfermidade seja também extinta. A cura real somente acontece do interior para o exterior, do cerne para a forma transitória.
Sim, diga a seu médico que você tem dor no peito, mas também que sua dor é dor de tristeza, é dor de angústia.
Conte a seu médico que você tem azia, mas descubra o motivo pelo qual você, com seu gênio, aumenta a produção de ácidos no estômago.
Relate que você tem diabetes, no entanto, não se esqueça de dizer também que não está encontrando mais doçura em sua vida e que está muito difícil suportar o peso de suas frustrações.
Mencione que sofre de enxaqueca, todavia, confesse que padece com seu perfeccionismo, com a autocrítica, que é muito sensível à crítica alheia e demasiadamente ansioso.
Muitos querem se curar, mas poucos estão dispostos a neutralizar em si o ácido da calúnia, o veneno da inveja, o bacilo do pessimismo e o câncer do egoísmo. Não querem mudar de vida. Procuram a cura do câncer, mas se recusam a abrir mão de uma simples mágoa.
Pretendem a desobstrução das artérias coronárias, mas querem continuar com o peito fechado pelo rancor e pela agressividade.
Almejam a cura de problemas oculares, todavia não retiram dos olhos a venda do criticismo e da maledicência.
Pedem solução para a depressão, entretanto, não abrem mão do orgulho ferido e do forte sentimento de decepção em relação a perdas experimentadas.
Suplicam auxílio para os problemas da tireoide, mas não cuidam de suas frustrações e ressentimentos, não levantam a voz para expressarem suas legítimas necessidades.
Imploram a cura de um nódulo de mama, todavia, insistem em manter bloqueada a ternura e a afetividade por conta das feridas emocionais do passado.
Clamam pela intercessão divina, porém permanecem surdos aos gritos de socorro que partem de pessoas muito próximas de si mesmos.
Deus nos fala através de mil modos; a enfermidade é um deles e por certo, o principal recado que lhe chega da sabedoria divina é que está faltando mais amor e harmonia em sua vida.
Toda cura sempre é uma autocura e o Evangelho de Jesus é a farmácia onde encontraremos os remédios que nos curam por dentro. Há dois mil anos esses remédios estão à nossa disposição. Quando nos decidiremos?

..." se a consciência de uma pessoa se desequilibra, o fato se torna visível e palpável na forma de sintomas corporais. Por isso é uma insensatez afirmar que o corpo está doente: só o ser humano pode estar doente; no entanto, esse 'estar doente' se mostra no corpo como um sintoma". T. Dethlefsen e R. Danlke

José Carlos De Lucca, " O Médico Jesus", 2015, Editora intelítera

Segredo da saúde

Quanto mais enfermo você estiver, maior a necessidade de romper com uma série de comportamentos danosos que tem se permitido ao longo do tempo. Ninguém adoece do dia para a noite. Ninguém vai dormir feliz e acorda depressivo, ninguém vai para a cama com saúde e acorda com um câncer.
Tramamos nossas próprias doenças mediante desequilíbrios que se sucedem no tempo. Cometemos pequenos suicídios todos os dias. Interrompa esse ciclo acumulando dias saudáveis em sua existência. Saiba que a vida é acumulativa, vale dizer, o que hoje nos sucede de bom ou ruim é o resultado de ações que se acumularam ao longo do tempo.
No campo dos cuidados com nosso corpo, porém, muitas vezes temos mais desculpas que esforços em favor da preservação da saúde. Inventamos mil justificativas e adiamos sempre as atitudes que nos garantiriam mais qualidade de vida.
Desse modo, nenhuma intervenção espiritual poderá se dar que, primeiramente, ocorra em nós uma transformação de nossa consciência sobre as pedras que colocamos em nosso caminho.
Quando Jesus ressuscitou Lázaro, que já estava enterrado há quatro dias, pediu primeiramente aos discípulos que retirassem a pedra da sepultura. Ora, por que o próprio Jesus não retirou ele mesmo a pedra? Não retirou porque a tarefa poderia ser feita pelas pessoas presentes no local. Depois que a pedra foi retirada, Jesus curou Lázaro.
Assim se passa conosco. Precisamos remover a pedra dos nossos hábitos infelizes para que Jesus nos cure. O princípio é que nada se altera no mundo sem que algo se mova primeiramente. No campo das enfermidades isso é muito verdadeiro. Pequenas atitudes felizes tomadas todos os dias formam o segredo da saúde e da cura.
Faça algo de bom pela sua saúde, não coloque mais pedras na sua sepultura, ao contrário, retire-as para que o Cristo o ressuscite da doença. O Mestre está disposto a fazer tudo em seu benefício, porém se não retirarmos a pedra que nos levou ao desequilíbrio, como esperar que Jesus nos cure?
Uma simples caminhada, por exemplo, pode fazer muitos benefícios para a saúde. Caminhe pelo quarteirão de sua casa. Se não puder, caminhe dentro de casa. Se ainda não puder, caminhe ao redor da cama. Se ainda assim lhe for impossível, mexa o dedão do pé, abra e feche as mãos, pisque os olhos, enfim faça alguma coisa por você, porque é reagindo à doença que a saúde caminha ao seu encontro.
Aproveite para pensar também nas outras pedras que estão em sua vida, elas estão disfarçadas de mágoas, culpas, ódios, complexos de inferioridade, irritações, orgulho e egoísmo. Deixe livre o caminho de sua vida, limpe-o o mais depressa possível, porque Jesus, a qualquer hora, chegará para tirá-lo do túmulo da doença.

"Grande parte de vosso sofrimento é por vós próprios escolhida. É a amerga poção com a qual o médico que está em vós cura o vosso 'eu' doente". Gibran Kahlil Gibran

José Carlos De Lucca, "O Médico Jesus", 2015, Editora intelítera

domingo, 20 de março de 2016

A hermenêutica da palavra ligada ao processo ensino-aprendizagem

A palavra é o fenômeno ideológico por excelência (Bakhtin). Assim, através da palavra, unidade básica do diálogo, realiza-se uma interação verbal bem como a constituição dos sujeitos, das suas consciências e dos sentidos. 
Na sala de aula, cada um dos agentes é singular, possui a sua história de vida, interesses particulares e é através da palavra que se irá exprimir, representar o seu modo de ser e estar-no-mundo. 
Vigotsky conclui que as palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento mas também na evolução histórica da consciência como um todo.

Podemos, pois, concluir que a palavra, considerada produto ideológico, carrega em si lutas, conflitos e até mesmo o peso das determinações sociais que a produziram, razão pela qual o sentido da palavra ou do discurso, de forma mais ampla, somente poderá ser compreendido se se levar em conta tanto os sujeitos, quanto o contexto dialógico, o momento socio-histórico e as formações social, ideológica e discursiva dos interlocutores.
Observa-se, assim, o papel fundamental que a linguagem desempenha na constituição dos sujeitos e a importância da interação verbal social no processo ensino-aprendizagem, que jamais é eticamente neutro.
Vejamos no espaço da sala de aula, o professor é a autoridade institucionalmente formalizada, sendo por isso mesmo o detentor da voz autorizada nesse espaço. É ele quem questiona, que permite ou não a expressão oral no processo de produção de sentidos na interação verbal.
Visto que a relação professor-aluno é mediada pela palavra, a linguagem ganha um estatuto de importância significativa no processo de individuação.
A relação dialógica eu/outro passa a ser fundamental no processo ensino/aprendizagem, dado que é através da palavra, do discurso, na sua forma oral ou escrita que se constroem a consciência, o conhecimento, os valores, os conceitos, enfim os sujeitos sociais: os cidadãos.

Educar é, por inerência, uma ação humana carregada de intencionalidade, uma intencionalidade axiológica, mas é por intermédio de exercícios de interpretação relativos às próprias ações, que a educação pode ajudar-nos a desenvolver a sabedoria prática, entendida como capacidade de deliberar, escolher o melhor para si numa circunstância determinada.

Manuel Patrício refere que "a educação não é para o homem um processo axiológicamente vazio, ou neutro, mas um processo axiológicamente positivo. São um envelope axiológico: tudo o que contêm é valioso, qualquer sua realização concreta é algo impregnado de valor".

Maria Antónia Jardim , "Da Hermenêutica à Ética de Paul Ricoeur", 2002, Edições Universidade Fernando Pessoa

Os pais como elefantes numa loja de cristais

Os bebês e as crianças pequenas já "dizem" coisas. A mãe e o pai precisam de os "ouvir", em vez de se limitarem a impor regras e a fazer críticas.
Se a expressão do filho muda de repente, tal significa que você fez alguma coisa que o atingiu, embora essa talvez não fosse a sua intenção.
A psique humana é como uma loja de cristais caríssimos, a mãe e o pai às vezes comportam-se como elefantes lá dentro. O barulho, os cacos e os estragos que ali acontecem são percebidos pela alteração súbita da expressão da criança.
Os pais podem ficar sossegados. Não é qualquer agressão que vai destruir a loja inteira, mesmo porque essa loja é enorme.
Mas não precisam de repetir os mesmos movimentos arriscados. Prestem mais atenção na próxima vez.
O medo de errar faz o elefante andar rigidamente. Não há pais que queiram errar com os filhos, pelo contrário. Por medo de errar é que acabam por errar, pois não estabelecem limites. Só um erro não traumatiza, o que distorce tudo é os pais deixarem frequentemente de agir quando necessário.
Uma atitude adequada tomada em relação a um filho nem sempre é percebida no momento, mas é percebida pelos resultados que se observam ao longo do tempo. 
Educar dá trabalho, e os bons frutos, na grande maioria dos casos, são tardios.
Uma criança feliz não é chata. Ela satisfaz-se com as coisas que faz, não exige que o outro seja a fonte da sua felicidade.
A criança feliz é como um carro de corrida: só faz pit-stop com os pais para se abastecer. Quanto mais saudáveis forem os filhos, mais exploram o mundo em velocidade condizente com o local e menos desastres provocam na loja de cristais.

Içami Tiba, "Quem ama, educa!", 2002, Editora Pergaminho

O que dizem Stanley e Brazelton sobre a ida de crianças antes dois/três anos para creches

"Se aqueles que pretendem ser pais soubessem mais acerca dessa necessidade que as crianças têm de uma relação próxima e contínua, talvez planejassem as coisas de uma forma mais realista. Compreenderiam como é difícil manter esse relacionamento com os filhos quando estes estão todo o dia numa creche e os pais estão todo o dia a trabalhar; ou até mesmo numa parte do dia.
Deveriam pensar atempadamente nas opções existentes para poderem escolher. Se não puderem, mãe e pai alternarem os cuidados, poderem ter em casa uma pessoa de confiança para cuidar da criança, preferencialmente, com a companhia de algum familiar. Não é necessário que seja a mãe. Pode ser o pai ou o avô ou a avó. A criança precisa de alguém na sua vida que permaneça com ela por bastante tempo (de qualidade).

Quando os pais podem optar e têm possibilidades de ser eles próprios a prestar cuidados de boa qualidade aos seus filhos, acho preferível não pôr os bebês ou crianças pequenas - até aos dois anos - em creches (ou escolas infantis).
Estudos recentes e as minhas próprias observações clínicas sugerem que a maior parte delas não oferece uma boa assistência. As funcionárias encarregadas de cuidar dos bebês têm com estes uma interação cuja qualidade, não poucas vezes, deixa muito a desejar. Além disso, é frequente que cada uma tenha a seu cargo quatro bebês com menos de um ano ou seis entre um e dois anos, para além de outros problemas como a rotatividade do pessoal mais habilitado, os baixos salários, a insuficiente preparação e a expectativa de as funcionárias poderem mudar de ano para ano; tudo isto torna difícil proporcionar cuidados afetivos, permanentes e de boa qualidade nesses primeiros anos de vida.

Os bebês têm a capacidade de estabelecer muitos laços afetivos importantes. É claro que em primeiro lugar estejam sempre os pais, e que a criança estabeleça ligações secundárias com as outras pessoas.
É importante sublinhar que a pessoa que cuida do bebê e com quem ele passa a maior parte do tempo deverá ser alguém que terá uma presença constante ou muito assídua na sua vida e que lhe possa incutir confiança. A profundidade dos sentimentos mais íntimos e das relações com os outros dependem em parte da profundidade com que se sentem as experiências de relacionamentos continuados.

É importante saber que o bebê está a formar uma imagem de quem ele é como pessoa, e um sentido de confiança e afeto, tudo isso através da relação com o adulto que dele cuida. Quebrar estes laços significa correr um grande risco. Que envolve muito sofrimento. As pessoas não imaginam o quanto as crianças sofrem quando passam por situações destas.

Como já foi falado ao longo do segundo ano de vida, a noção do eu, cada vez mais fortalecida, ajuda os bebês a juntar as pequenas peças e formar a noção de pessoa. Mesmo antes de já conseguirem falar, os bebês vão aprendendo a ser científicos na resolução de problemas. Estão a aprender a usar as ideias e a formar um sentido do eu em termos de quem eles próprios são como pessoas. É nesta altura que começamos a ver o altruísmo. É frequente pensarmos em tudo o que se verifica durante os primeiros três anos, quando pomos as crianças em risco. Estamos a prejudicar todo o seu desenvolvimento cognitivo e emocional quando jogamos à roleta russa com as opções tomadas.

Recomendações:

Durante os primeiros três anos, todas as crianças precisam de ter um ou dois adultos para cuidar delas e que com elas mantenham um tipo de relacionamento próximo e consistente.
A pior coisa para um bebê é não ter alguém que o ame ou sentir insegurança em relação a essa pessoa, quando fica, por exemplo, numa instituição escolar em que não recebe afeto, ou quando a pessoa que cuida dele não tem a necessária competência".

Berry Brazelton e Stanley Greenspan, " A Criança e o seu mundo - Requisitos Essenciais para o crescimento e aprendizagem", 2003, Editorial Presença

Livrar de todo lixo que jogaram sobre nós

Como diz o Padre Fábio de Melo:
"Perdoar é jogar fora todo o lixo que jogaram em nós".

Esse "lixo" é revelado pela tristeza, angústia, ressentimento, mágoa, comiseração, sentir pena por si mesma, desânimo, depressão, dores de alma e corpo, vitimização e, até mesmo culpa, no mínimo por não ter se incluído nessa doação, nesse dar, dar, dar...sem limites esquecendo de si mesma e por ter se perdido de si mesma.
Hoje ouve-se a frase: Cuida da sua vida!
Qual !? A minha vida que NUNCA vivi, por me sentir responsável pela felicidade de todos...

Hoje, quero...MEREÇO me fazer FELIZ!! Cuidar da minha CRIANÇA ...amando-a com muita atenção, carinho, alegria e proteção.


sábado, 19 de março de 2016

Farmácia de Deus

Muitas doenças poderiam ser evitadas se o homem cultivasse o hábito da oração. O mesmo tempo que se emprega para a queixa e a maledicência poderia ser dedicado ao contato com o Pai que nos ama, mas que, invariavelmente, encontra-nos com os ouvidos voltados para os desequilíbrios do mundo.
Quando se ora, muda-se a frequência energética para melhor, pois nos sintonizamos com as ondas do equilíbrio cósmico, sem as quais homem algum poderá gozar de saúde plena.
A oração é um banho de luz. Da mesma forma que cuidamos da higiene do corpo, sem a qual a saúde não se estabelece, a oração é uma ducha espiritual que nos lava dos detritos acumulados pelo entrechoque das tensões do dia a dia.
Jesus era um homem de oração, e mesmo até os dias de hoje podemos avaliar que Ele continua dialogando com o Pai através dos canais da prece. Sendo Jesus o nosso modelo, por que não faríamos o mesmo?
O fruto não amadurece quando se desprende prematuramente da árvore que lhe sustenta os nutrientes. O peixe não consegue viver fora de seu ambiente natural. Da mesma forma, o homem não conseguirá viver feliz e ter saúde longe do amor de Deus. A oração é, ao lado da caridade, o fio que nos liga ao Amor Divino pelas palavras que brotam do nosso coração.
No mais das vezes, não é a doença que nos martiriza, é a preocupação com a doença que nos deixa mais doentes ainda. A prece é o canal do socorro divino. Quando se ora, os remédios da coragem e da esperança nos são diretamente ministrados da farmácia de Deus.
Estejamos certos de que prece é remédio, e remédio que precisamos tomar pelo menos três vezes ao dia. Vamos começar agora?

José Carlos De Lucca, "O Médico Jesus", 2015, Editora intelítera

"O médico Jesus" - Mensagem do espírito do Dr. Bezerra de Menezes

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando
o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
                                  Jesus (Mateus, 9-35)

Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserem, e vos será feito.
                                  Jesus (João, 15-7)

Filhos do meu coração.
Que o Senhor Jesus abençoe este ensejo bendito de integração espiritual com nossos irmãos encarnados.
(...) gostaríamos de aproveitar a oportunidade para, humildemente, reiterar aos nossos filhos da alma, os apelos para que jamais esqueçamos de consultar o médico Jesus em nossas dificuldades no campo da saúde e da harmonia íntima.
Se procurarmos pela paz, Jesus é a fonte inexaurível.
Se nos encontrarmos perdidos, Jesus é o caminho de portas abertas.
Se estivermos aflitos, Jesus é a consolação para agora.
Se a tristeza nos visitar, Jesus é a esperança de um novo amanhã.
Se a doença nos abater, Jesus é o remédio acessível a todos os corações.
Meus filhos, não procureis Jesus apenas para a cura de vossas desarmonias físicas, procurai-O também como médico sublime de vossas almas, pois em toda doença física o que encontraremos sempre é um espírito enfermo necessitado de amor.
Jesus continua sendo o nosso divino médico, receitando o amor por solução das nossas dores, pois somente o amor é remédio capaz de arrostar a doença do egoísmo para bem longe do nosso caminho.
Que as bençãos do Cristo em favor da saúde encontrem nosso coração sintonizado nas frequências do amor.
Augurando sinceramente a nossa cura integral, despeço-me, com carinho paternal, no abraço amigo do servidor de sempre,

                                      Bezerra

José Carlos De Lucca, "O Médico Jesus", 2015, Editora  intelítera

"Carta do Céu" - Muita Alegria e gratidão ao receber o INFINITO AMOR de uma amiga, minha "mãezinha do coração"

 Cantinho de luz, 17/03/2016

Boa noite, minha amiga que emoção em saber que está nesse cantinho de oração e amor, como estou feliz em poder colocar minhas palavras nesse papel.
O que está acontecendo com você minha amada? Porque está tão preocupada?, não fique assim, a vida é nos dada para sermos felizes e para que possa ser vivida da maneira mais feliz com muita humildade no coração, siga seu caminho, ele será recompensador, continue nesse caminho buscando esclarecimento, buscando a felicidade, a fé, o amor, o perdão, só assim você se sentirá melhor a cada dia.
Quero que saiba que estou muito bem, já estou recuperada, já estou mais próxima dos meus entes queridos, eles me ajudaram muito na minha chegada nesse plano maravilhoso, nessa morada do nosso Pai maior.
Aqui onde moro é esplêndido, lindo, iluminado, cheio de flores, lagos, pássaros, canteiros lindos de flores.
Minha amiga, quantas saudades, quero muito agradecer pelas orações, pelo carinho que você envia, quero agradecer imensamente por estar aqui, hoje.
Obrigada, obrigada, obrigada, por favor mande um abraço cheio de luz a todos.
Pra você um abraço com muito amor e carinho.
Fique sempre na luz de Jesus.

                       De sua amiga,
                                               Lucia

Oração para receber a Força Divina

Sou filho de Deus! Isto significa que a Vida de Deus fluiu para dentro de mim e se tornou minha Vida. Por essa razão, dentro de mim se aloja a força curadora infinita de Deus. A Vida universal de Deus não apenas se aloja em mim, mas brilha vigorosamente em meu interior. Não sou, de forma alguma, um vulcão extinto que apenas aloja a Vida de Deus. Sou um vulcão ativo da Vida de Deus. Sou algo semelhante à cratera de um vulcão por onde jorra a Vida de Deus. Veja o vigor da minha Vida que jorra saudavelmente, impelida pela grande força vital de Deus que se aloja em meu interior. Todos os dias, pela força de Deus que jorra através de mim, acumulam-se continuamente boas ações na minha vida. É impossível para mim deixar de praticar todos os dias, infalivelmente, alguma boa ação. O impulso interior que me faz praticar boas ações, é a prova de que a força de Deus do meu interior está jorrando. Por essa razão, tudo de bom que desejo nunca deixa de se concretizar.
Como Deus é infinito, eu, sendo a cratera por onde jorra a Vida de Deus, também sou infinito. Sou infinito quanto à Vida, sou infinito quanto à sabedoria, sou infinito quanto ao amor, sou infinito quanto à provisão. Assim, sou provido de tudo na medida do necessário, e jamais serei um carente.
A sabedoria infinita de Deus flui constantemente para dentro de mim e me revela infinitas ideias. Como Deus contêm dentro de Si infinitas ideias, nunca Lhe faltam novas ideias.
A riqueza não é coisa material. Uma ideia capaz de contribuir para o bem-estar da humanidade é que é riqueza. Recebo sempre de Deus inúmeras boas ideias através das quais posso ser útil à humanidade, e recebo de Deus também os recursos materiais e os colaboradores necessários para concretizá-las.
Adquiri agora a firme convicção de que sou Filho de Deus! A Sabedoria infinita, o Amor infinito e a Força infinita de Deus estão dentro de mim; portanto, nada tenho a temer! Tudo de bom que Deus possui, está simultaneamente em minhas mãos, e jamais se esgota. Posso trazer para o mundo fenomênico tudo que existe no reino de Deus, por intermédio do pensamento. A força infinita de Deus jorra vigorosamente através de mim, cura a minha fadiga, abastece-me com nova energia e me permite iniciar, a cada manhã, a jornada de trabalho com novo alento.
O Amor infinito de Deus se aloja sempre em mim como força que cura não só as doenças, mas todas as formas de desarmonia. O Amor de Deus cura-me por dentro, e eu, transmitindo esse amor, também consigo curar aqueles que me tocam e aqueles que em mim buscam apoio. 
Abençoo todas as pessoas e, transmitindo a elas o Amor de Deus através desse pensamento de benção, posso curar suas enfermidades.
Agradeço profundamente a Deus!

Masaharu Taniguchi, "A Verdade em Orações", 1990, SNI

quinta-feira, 17 de março de 2016

De onde nasce o homem?

A Imagem Verdadeira do homem que existe verdadeiramente, do homem verdadeiro, é perfeita, sendo portante indestrutível. Compreender isso é renascer, do homem carnal para o homem da Imagem Verdadeira.
Se me perguntam de onde nasce esse homem perfeito, respondo que a perfeição não surge da imperfeição e que ela só pode ter nascido daquilo que é perfeito. Portanto, se a Vida do homem da imagem Verdadeira surge de algo, só pode ter se originado de algo perfeito. Esse algo perfeito é Deus. Logicamente, Deus é uma palavra simbólica escolhida por nós, pois poderíamos ter dado outro nome, mas o importante é o fato de que existe algo sumamente perfeito e nós - homens verdadeiros indestrutíveis - nascemos dEle. Denominamos esse algo sumamente perfeito de Deus. Por mais que a imagem fenomênica do homem mude de A para B, mesmo que uma criança cresça, envelheça e morra, por trás dela existe o homem verdadeiro, perfeito e eternamente imutável. E esse homem verdadeiro veio de Deus que é Perfeição. Viemos dessa suprema Perfeição. E porque denominamos essa suprema Perfeição de Deus, somos filhos de Deus.

Masaharu Taniguchi, "Caminho que transcende a vida e a morte, vol. S, 2012, SNI

quarta-feira, 16 de março de 2016

Oração para manter puro e saudável o "Templo de Deus"

Deus é espírito. Por essa razão, todas as coisas do céu e da terra criadas pelo Espírito são também, na sua essência, existências espirituais, e nada existe que seja constituída de matéria. Como o homem nasceu como suprema realização de Deus, nem é preciso dizer que o seu corpo é existência espiritual, embora pareça corpo carnal. Podemos conhecer o corpo carnal através da consciência, mas o corpo carnal não pode conhecer a essência da consciência. Isso porque o corpo carnal não passa de sombra e não possui mente. Se o corpo carnal parece ter consciência, é porque no âmago do corpo carnal existe o corpo espiritual dotado de consciência ou mente, o qual sente, vê, pensa, e está comandando todas as complexas funções fisiológicas que se processam dentro do corpo carnal.
Realmente, o corpo carnal não é o homem, e sim "casulo" do homem, "templo" onde se aloja o Espírito de Deus, uma espécie de "roupa de trabalho" que o Filho de Deus veste para viver a vida terrena, e "uniforme" para o Filho de Deus cursar a escola da vida terrena. Contudo, esse "casulo" do espírito, "Templo de Deus", "roupa de trabalho do espírito" e "uniforme" não é absolutamente constituído de elemento inorgânico que se denomina "matéria".
Da mesma forma que o bicho-da-seda expele um líquido transparente que, em contato com o ar, transforma-se em fios de seda e com eles forma o casulo, o ser espiritual chamado Filho de Deus expele na tela de tempo e espaço "os fios da mente", os quais tomam a forma determinada pelas ondas mentais e se apresentam como corpo carnal, à semelhança das ondas de transmissão de televisão que se transformam em imagens no vídeo. Por essa razão, se mudarmos a forma de nosso pensamento, mudará a forma do corpo carnal. Se tivermos pensamentos radiosos, teremos corpo saudável, e se tivermos pensamentos não saudáveis teremos corpo doentio. Contudo, sendo o corpo carnal apenas o "casulo", o "templo", a "roupa de trabalho" do homem, mesmo que o corpo carnal porventura manifeste um estado doentio, o homem em si que nele habita é Filho de Deus, é existência espiritual, e de forma alguma adoece. A este originário aspecto saudável é que se dá o nome de "Imagem Verdadeira".
 A Imagem Verdadeira do homem é "realidade espiritual", é Filho de Deus; é um ser imaculado que transcende a velhice, a doença e a morte, qualquer que seja o estado do corpo carnal. Conhecer isto é "conhecer a Verdade".
Contudo, sendo o corpo carnal um veículo destinado para o ser espiritual chamado homem se auto-aprimorar e cumprir sua missão na Terra, jamais utilizamos esse veículo para fins que o maculem. Ao mesmo tempo que o conservamos fisicamente puro, não o maculamos através de sentimentos e pensamentos errôneos. 
Prometo perante Deus que, a partir de hoje, não mais terei ódio, ira, ciúme, ganância, tristeza e quaisquer outros pensamentos tenebrosos.
Agradeço a Deus, que me fez conhecer esta Verdade.
Muito obrigada!

Masaharu Taniguchi, "A Verdade em Orações", 1990, SNI

Aprendizagem vivenciada pelas histórias

As escolas são fundamentais numa sociedade, mas elas têm enfileirado os alunos durante séculos nas salas de aula, acreditando que a memória tem um atributo que na realidade não possui: o de ser um sistema de arquivo de informações que faz de nós retransmissores delas. O senso comum acredita que tudo o que se armazena na memória será lembrado de maneira pura. Todavia, ao contrário do que muitos educadores e outros profissionais pensam, não existe lembrança pura das alegrias, das angústias, dos fracassos e dos sucessos que foram registrados na memória existencial. Só são recordadas de maneira mais pura as informações de uso contínuo, como endereços, números telefônicos e fórmulas matemáticas que foram registradas repetidas vezes na memória de uso contínuo.

O passado não é lembrado, mas reconstruído.
A memória não é um sistema de arquivo lógico, uma enciclopédia de informações, nem a inteligência humana funciona como canteiro de dados para que nos tornemos construtores de pensamentos.
Não recordamos o passado com exatidão não apenas pelas dificuldades de registro cerebral, mas também porque um dos mais importantes papéis da memória não é transformar o ser humano num repetidor de informações do passado, mas um engenheiro de ideias, um construtor de novos pensamentos. Esse segredo da mente humana precisa ser incorporado pelas teorias educacionais.

Pais, professores, profissionais em geral, enfim, qualquer ser humano que compreender melhor os papéis da memória e se tornar um contador de histórias terá um desempenho intelectual mais eficiente e um trânsito mais livre nas relações interpessoais.
Fui sempre uma contadora de histórias para os meus filhos, alunos, netas e para com todas as pessoas que fizeram/fazem parte da minha vida.

Cristo rompia a impessoalidade e a frieza do conhecimento. Os ensinamentos que transmitia ganhavam vida e se fundiam com a sua própria história. As pessoas se sentiam privilegiadas em estar ao seu lado e ouvi-lo. Ele dinamizava as relações interpessoais. Para esse contador de histórias, ensinar não era uma fonte de tédio, de estresse, de obrigação, mas uma aventura doce e prazerosa.

Augusto Cury, O Mestre dos Mestres - Jesus, o maior educador da história", 2006, ed. Sextante



"Padrões internos" que guiam o comportamento da criança

Os padrões internos têm diversos níveis. Começam com a sensação de ser acarinhado pelos outros. Passam depois pela sensação de sentir-se respeitado. O respeito leva ao sentido de objetivos interiores e talvez valores profundos, e depois, cumprir estes objetivos e valores pode levar a criança a sentir-se acarinhada e bem interiormente, mesmo sem a presença da figura da autoridade.
Naturalmente, quando este sistema está implantado e as crianças e os adolescentes são guiados por valores profundos e objetivos interiores, podem, em diversas situações, fazer julgamentos acertados sobre a adequação dos seus comportamentos, porque agora não estão a agradar apenas aos pais, aos professores ou a cumprir com as normas sociais, estão a agradar a si próprios, agindo de acordo com os seus objetivos e valores interiores.

Como é que a criança desenvolve este conjunto de orientações internas?

Através de um determinado número de passos em cada estádio do seu desenvolvimento.
Antes de ser capaz de se exprimir por palavras, os limites já estão a ser estabelecidos através da comunicação não-verbal com gestos. 
Podemos observar uma criança de 14 meses a dirigir-se a um lugar da sala onde está uma tomada elétrica e vemos a mãe a abanar negativamente a cabeça. O bebê olha-a com um risinho, detém-se por segundos e avança para o objetivo. Esta comunicação com gestos pode acontecer cinco ou seis vezes antes de a mãe ter de impedir fisicamente o acesso à tomada ou pegar-lhe ao colo com uma cara feia e dizer: " Você não pode fazer isso. Não pode mexer ali."
A criança percebe que há outras negociações gestuais que não são tão sérias porque quando, por exemplo, ela se encaminha a gatinhar para a sala, e a mãe a quer no quarto, esta vai atrás dela e acena negativamente com a cabeça, mas o seu tom de voz dá-lhe um ar de brincadeira. Só quando a criança se aproxima do vaso de flores é que o tom de voz da mãe se torna mais sério. Está a aprender os diferentes graus da inibição. Também está a aprender que umas vezes a mãe pega-lhe ao colo e afasta-a, outras tem de entrar numa negociação muito precisa, que envolve uma regulação recíproca do seu comportamento. 
Quando esta percepção está instalada, ela dá lugar a um segundo nível de limites. Entre os 18 e os 30 meses, a criança consegue normalmente formar uma ideia, um símbolo ou uma imagem. Já é capaz de dizer "não" ou falar consigo mesma. "Não faças isso." Consegue imaginar o pai a abanar a cabeça e a dizer "não" e é capaz de o dizer a si própria como uma ideia interior que a orienta.
À medida que se aproxima dos 48 meses e aprende a ligar ideias, a criança vive um debate interior. ("Eu não devia fazer isto, mas tenho vontade") e é capaz de antecipar o que pode acontecer ("Se fizer isto, fico sem ver televisão") ou ("Se fizer bem, o pai e a mãe vão ficar contentes comigo.")
A criança ainda não usa todas estas palavras, mas será capaz de o fazer por volta dos quatro anos. Está já a combinar ideias para ter a percepção das consequências e considerar alternativas.

As bases de cada um destes níveis estão no desejo que a criança tem de agradar, o desejo do respeito daqueles que dela cuidam e a capacidade de interiorizar este sentido de respeito e admiração no seu conjunto de valores e orientações.
Estando isto estabelecido, as crianças são capazes de se automotivarem constantemente através da tentativa de alcançarem os objetivos. 
O afeto e o carinho são, assim, os fundamentos de qualquer sentido de disciplina e moral duradouros.

Brazelton e Greenspan, "A criança e o seu mundo - Requisitos essenciais para o crescimento e aprendizagem", 2003, Editorial Presença

"Necessidades de limites na educação" segundo Dr.Brazelton "papa da pediatria" mundial

Toda aprendizagem, mesmo a dos limites e da organização, começa com o carinho, a partir do qual as crianças aprendem a confiar, a sentir calor humano, intimidade, empatia e afeição pelas pessoas que a rodeiam. Os limites e a organização começam com o afeto, porque 90% da tarefa de ensinar as crianças a interiorizarem os limites se baseia no desejo de ela agradar aos outros. As crianças sentem este desejo por várias razões diferentes: porque amam as pessoas que cuidam delas e querem a sua aprovação e o seu respeito, ou porque têm medo. Como é óbvio, existe frequentemente uma combinação entre medo e desejo de aprovação. As crianças aprendem também a modelarem as suas atitudes a partir das atitudes de quem está com elas. A moral desenvolve-se a partir da tentativa de querer ser como um adulto admirado.

As crianças querem agradar, observando as regras e os limites estabelecidos, por causa do efeito das diferentes abordagens no alargamento e na generalização que fazem daquilo que aprendem em casa a outros contextos, como a escola ou os amigos, ou, mais tarde, quando as tentações aumentam. As crianças que limitam as suas agressões e "mau comportamento" exclusivamente por medo, estão mais predispostas a comportarem-se bem em situações em que está presente uma figura com autoridade, porque é ela quem aplica o castigo.
O medo adapta-se às situações específicas. Se for em excesso, pode provocar na criança ansiedade e inibição na maior parte das situações, chegando ao ponto de inibir formas saudáveis de expressão da assertividade, o que não é positivo. À medida que vão ficando mais velhas, as crianças que foram disciplinadas através do medo tornam-se mais vulneráveis a problemas relacionados com o abuso do álcool e de drogas e a comportamentos delinquentes.

Entretanto, quando a disciplina é estabelecida como uma aprendizagem e é reforçada pela coerência e constância de atitudes comportamentais por parte dos pais, buscando um sentido causal como reforçador de cada regra e dos limites estabelecidos, sempre aliado ao carinho, as crianças sentem-se bem por seguirem as regras. Quando essa criança sentir o olhar de desapontamento por ter batido no rosto do pai ou da mãe, tem uma sensação de perda porque não recebe o olhar carinhoso de quando se porta bem. Se nunca tivesse experimentado sentimentos positivos, não haveria sensação de perda ou de frustração que a motivassem interiormente a modificar o comportamento.

T. Berry Brazelton e Stanley I. Greenspan, "A Criança e o seu mundo - Requisitos Essenciais para o crescimento e aprendizagem", 2003, Editorial Presença

P.S.
Assertividade - É a habilidade de expressar ideias, opiniões, sentimentos, ao mesmo tempo em que há uma afirmação de direitos, sem violar os direitos dos demais.
O comportamento assertivo é o que torna a pessoa capaz de agir em seu próprio interesse, a se afirmar sem ansiedade indevida, a expressar sentimentos sinceros sem constrangimento ou a exercitar seus próprios direitos sem negar os alheios.
É a capacidade de concretizar desejos, inclusive os desejos dos outros.
Para elucidar, veja um exemplo ao avesso, isto é, o que não é assertividade.
Imagine que você chegou em casa cansado e toca o telefone. É um amigo convidando-o para ir a um bar. Sua vontade é dizer não, mas, para não magoá-lo, concorda com o convite. Você acaba de dizer sim ao amigo e não para você mesmo. Acabou de perder a chance de ser assertivo. Você é assertivo quando diz "não" quando quer dizer "não" e diz "sim" quando quer dizer "sim", para uma situação ou pessoa.
A assertividade diminui aquela necessidade de ter a aprovação obrigatória de outras pessoas sobre seus atos.
Para ser assertivo é preciso ser flexível, empático, bom ouvinte, transparente, objetivo, de bem com a vida. Aceitando declarar ou explicar suas intenções, sem agredir o outro por palavras ou ações. Ir direto ao ponto, sem ser áspero. Insistir na busca de seu objetivo, porém, ouvindo o outro. Aberto a acordos, soluções, desde que não vá em desacordo com a sua real necessidade de momento.
A assertividade torna a pessoa mais autoconfiante e com sua autoestima equilibrada.


terça-feira, 15 de março de 2016

Educar para não criar "parafusos de geleia" e sim crianças com autoestima

A autoestima é a fonte interior de felicidade.

A autoestima começa a desenvolver-se num indivíduo quando ele é ainda um bebê. Os cuidados e os carinhos mostram à criança que ela é amada e cuidada. Nesse começo de vida, ela está a aprender como é o mundo à sua volta e, conforme se desenvolve, vai descobrindo o seu valor a partir do valor que os outros lhe dão. É quando se forma a autoestima essencial. 
A autoestima continua a desenvolver-se conforme a pessoa se sente segura e capaz de realizar os seus desejos e, futuramente, as suas tarefas. É a autoestima fundamental.
Toda criança se preocupa em agradar os pais e acredita que, ao fazê-lo, garante o amor deles. É importante que fique claro para a criança que, mesmo que a mãe ou o pai reprovem determinadas atitudes dela, o amor que sentem por ela não está em jogo.

O que alimenta a autoestima da criança:

Sentir-se amada incondicionalmente e também o prazer que a criança sente ao ser capaz de fazer alguma coisa que demonstre sua própria capacidade. Não o prazer recebido. Tomemos como exemplo o brinquedo que recebe dos pais. O filho desenvolve a autoestima quando brinca com o que recebeu, interage e cria novas brincadeiras; guarda o brinquedo dentro de si, sente a sua falta, principalmente como cuida dele. O brinquedo recebido adquire, então, significado para ele.
Atenção: crianças que recebem muitos brinquedos que mal conseguem guardar não têm como desenvolver autoestima suficiente para gerar felicidade.
O presente que vai alimentar a autoestima do filho é aquele que ele sente que merece. Sem dúvida, dá muito prazer aos pais oferecerem presentes que agradem os filhos. Todos ficam contentes, os pais por dar e os filhos por receber. Mas o princípio educativo é que os filhos sejam pessoas felizes e não simplesmente alegres. A alegria é passageira e a capacidade de ser feliz deve pertencer ao filho.

Sentir-se respeitada - o respeito pela criança ensina-lhe que ela é amada. Sentindo-se amada, ela sentir-se-á segura para realizar o que quer que seja. Deixá-la tentar, deixá-la errar sem ser julgada, ter o seu próprio ritmo e descobrir as coisas permite à criança perceber que consegue realizar suas conquistas; e, que se falhar não significa ter "perdas" afetivas. Assim, a criança desenvolve a autoestima, grande responsável pelo seu crescimento interno, e fortalece-se para ser feliz, mesmo nas contrariedades da vida.

O prazer do "sim" é muito mais verdadeiro e construtivo quando a criança conhece e entende o significado do "não". A geração parafusos de geleia desconhece ou não sabe lidar com o "não". Se levam um apertão, desintegram-se. Não aguentam ser contrariados. Não foram educados para suportar o "não".
Os parafusos de geleia têm uma baixa autoestima, porque foram regidos pela educação pelo prazer.
Muitos pais acham que dar boa educação é deixar o filho fazer o que quiser, isto é, procurar dar-lhe alegria e prazer a maior parte do tempo. Não é isso que cria a autoestima.
A vontade de agradar a uma criança é natural. Mas há uma diferença básica entre o ser humano comum e os pais. Estes têm o compromisso de educar seu filho. 
Alguns pais preferem distorcer a realidade perante as atitudes incorretas dos filhos, quando este exige, faz birras, expõe os pais a situações vexatórias em público, desrespeitam a vontade, decisão ou ordem do pai ou da mãe, respondem com desrespeito, procuram ser do "contra" apenas para satisfazer um capricho. Ao que os pais se referem: "Meu filho tem personalidade" dizem com orgulho. "Desde bebê mostrou que veio para ser líder". "Se contrariar pior, ele sabe o que quer". "Tem fibra, vai vencer na vida". Esses pais tudo fazem e desculpam para agradar aos seus filhos, mesmo que os deseduquem.
A insegurança paterno/materna faz com que os filhos se sintam como se estivessem dentro de um carro cujo motorista pergunta constantemente se a velocidade está boa, se deve virar à esquerda, à direita, se ultrapassa ou se se deixa ficar...
Pais extremamente solícitos acabam por não traçar um trajeto bom e seguro a seguir, e a criança torna-se insegura, pois perde a confiança neles.

Um dos pilares da educação em busca da saúde emocional, moral, psíquica e social da criança é o princípio da coerência, da constância e da consequência. Assim, os pais têm de transmitir mensagens, ordens e exigências de maneira coerente. Uma atitude tomada tem que manter uma constância. Quando há discordância entre os pais ou enfraquecimento do "não" dado como uma ordem, o filho percebe que passado um tempo o "não" passa a "sim" e a sua vontade prevalecerá, às vezes até com um pedido de desculpas do pai ou da mãe ou com discussões entre os pais e, com sentimentos de culpa que de alguma forma o pai/ mãe irão ressarcir em seguida ou mais tarde.
É importante que o filho assuma as consequências das suas atitudes, sempre atendendo à idade da criança em relação as consequências dos seus atos.

Içami Tiba, "Quem ama, educa!", 2003, ed, Pergaminho

segunda-feira, 14 de março de 2016

Espetáculo da vida

Cristo dizia claramente que tinha o segredo da eternidade.
Afirmava que a vida eterna passava por ele.
"Quem crer em mim, ainda que morra, viverá!" (João 11:25)
"Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Se alguém comer esse pão, viverá para sempre" ( João 6:51).
"Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou" (João 7:16).
Chegou a afirmar que ele era "O caminho, a verdade e a vida" (João 14:6).
A existência humana transcorre dentro de um curto parêntese da eternidade. A vida humana é apenas uma gota existencial na perspectiva da eternidade. Entretanto, o questionamento do finito sobre o infinito, do temporal sobre o eterno, ainda que limitado, é um direito legítimo do ser humano, um direito personalíssimo de expressão do pensamento, pois a vida clama por continuidade.
Hoje, fazemos parte de um mundo globalizado, fomos envolvidos na avalanche das novas tecnologias perdemos (se é que o Homem alguma vez teve?!) o prazer de realizar o processo de interiorização. Multiplicaram-se as escolas e o acesso às informações, mas não multiplicamos a formação de pensadores.
Hoje, frequentemente, as pessoas são só motivadas a aprender porque assim usam o conhecimento como ferramenta profissionalizante. O deleite de aprender e de se tornar um engenheiro de ideias foi substituído pela paranoia do consumismo, da estética, da condição predatória.
O projeto de Jesus era que, sob sua influência, as pessoas se tornassem caminhantes nas trajetórias do próprio ser, aprendessem a criar raízes dentro de si mesmas, aprendessem a ver a vida sob outra perspectiva e a dar-lhe um sentido nobre mesmo diante das misérias e das dores existenciais. 
A crença nas palavras de Cristo foi esquecida. Primou-se pela visão ofuscada na superficialidade das ideias, atitudes e comportamentos embasados nos interesses e necessidades básicas de sobrevivência, conveniências, acomodados em "zonas de conforto" presos a dependências psíquicas e emocionais que pouco ou nada acrescentam ao crescimento e aprimoramento do espírito.

                                      Bíblia Sagrada
                                      Augusto Cury, O Mestre dos Mestres, 2006, Ed, Sextante

sexta-feira, 11 de março de 2016

A Vida do espírito

"A vida não cessa. A vida é fonte eterna, e a morte é o jogo escuro das ilusões.
O grande rio tem seu trajeto, antes do mar imenso. Copiando-lhe a expressão, a alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o oceano eterno da sabedoria".
                                                                                      Nosso Lar, Chico Xavier

quinta-feira, 10 de março de 2016

Sabedoria para enfrentar os invernos existenciais

Na Epístola de São Tiago 3, Jesus nos ensinou:
Buscai "a sabedoria do alto. Quem de vós é sábio e inteligente? Pois mostre com boa conduta suas obras cheias de mansidão e sabedoria (...) Onde houver ciúme e ambição, haverá também perturbação e toda espécie de obras más, mas a sabedoria do alto é antes de tudo pura, depois pacífica, indulgente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para os que promovem a paz".

Na leitura da Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, está escrito:
"Sendo a Sabedoria a Luz da iluminação espiritual, é a Verdade que ilumina e extingue as trevas da ilusão. 
Somente a Verdade é Realidade.
A ilusão, sendo apenas falta de conhecimento da Verdade, é tal qual um pesadelo.
Despertai do pesadelo.
Ocorrendo a iluminação espiritual, imediatamente este mundo se torna Paraíso pleno de Luz, e o homem revela a sua Imagem Verdadeira que é Vida plena de Luz.
(...)
Força que não seja Bem, isto é, força que traz infelicidade, não passa de pesadelo.
Vida que não seja Bem, isto é, a doença, não passa de pesadelo.
Todas as desarmonias e imperfeições nada mais são que pesadelos.
Sendo o pesadelo aquilo que dá força ativa à infelicidade, à doença, à desarmonia, à imperfeição, estas se assemelham às diabólicas opressões que, em sonho, podem nos fazer sofrer, mas, ao despertarmos, percebemos que não existe força alguma para nos oprimir; nós é que nos oprimimos com a nossa própria mente.
Em verdade, as forças maléficas, a força que oprime a nossa vida, a força que nos faz sofrer, não são forças que realmente existem de modo objetivo: nada mais são que dores criadas em nossa própria mente e sofridas pela nossa própria mente.

Frequentemente, o ser humano é o maior algoz de si mesmo. Muitos sofrem por antecipação, fazem o "velório antes do tempo". Outros ruminam o passado e mergulham numa esfera de sentimento de culpa. Outros, ainda, se autodestroem pela hipersensibilidade emocional que possuem; pequenos problemas têm um eco intenso dentro deles. As pessoas hipersensíveis costumam ser ótimas para os outros, mas péssimas para si mesmas. Para essas pessoas, a magnífica construção de pensamentos deixa de ser um espetáculo de entretenimento para se tornar uma fonte de ansiedade.
Cristo desejava que as pessoas tivessem domínio próprio, administrassem os pensamentos e aprendessem a trafegar nas avenidas da perseverança diante das dificuldades da vida.
A temporalidade da vida é curta. A brevidade da vida deveria nos fazer buscar a sabedoria e dar um sentido mais rico à existência. Caso contrário, o tédio e a angústia serão parceiros íntimos de nossa trajetória.
Se não formos agentes modificadores de nossa história, se não a reescrevermos com sabedoria, certamente seremos vítimas dos invernos existenciais.

Bíblia Sagrada
Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, Masaharu Taniguchi
O Mestre dos Mestres, Augusto Cury

quarta-feira, 9 de março de 2016

A complexa escola da existência


"A escola da existência é a escola da vida, dos eventos psicológicos e sociais. Na escola da existência escrevemos nossas histórias particulares. Essa escola penetra nos meandros de nossa existência: em nossos sonhos, expectativas, projetos socioprofissionais, relações sociais, frustrações, prazeres, inseguranças, dores emocionais, crises existenciais e todos os momentos de ousadia, de solidão, de tranquilidade e de ansiedade que experimentamos.  A escola da existência envolve toda a trajetória de um ser humano. Inicia-se na vida intrauterina e termina no último suspiro.
Ela envolve não apenas os pensamentos e as emoções que manifestamos socialmente, mas também o corpo de pensamentos e emoções represados dentro de cada um de nós. Envolve as lágrimas não derramadas, os temores não expressos, as palavras não verbalizadas, as inseguranças não comunicadas, os sonhos silenciosos.
Na escola da existência todos os eventos têm relação direta com a nossa história".
Todavia, "a escola da existência de Cristo, não é uma escola de pensamento, filosófica, de regras comportamentais, de ensino religioso-moralista, nem de aperfeiçoamento de caráter. 
Cristo não objetivava reformar o ser humano, mas promover uma transformação em seu interior, reorganizar intrinsecamente sua capacidade de pensar e viver emoções. Ele pretendia produzir uma nova pessoa. Uma pessoa solidária, tolerante, que supera as ditaduras da inteligência, que se vacina contra a paranoia do individualismo, que aprende a cooperar mutuamente, que aprende a se conhecer, que considera a dor do outro, que aprende a perdoá-lo, que se interioriza, que se repensa, que se coloca como aprendiz diante da vida, que desenvolve a arte de pensar, que expande a arte de ouvir, que refina a arte de contemplação do belo.
Concluímos, assim, que Ele não queria melhorar o ser humano, mas objetivava transformar as pessoas, expandir a sua inteligência e modificar a sua maneira de pensar" (Mateus 5.1-11).

                      Augusto Cury, O Mestre dos Mestres, 2006, Ed. Sextante

Mensagem de Jesus - Primeira Epístola de São João

Para Viver na luz

"A mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos é esta: Deus é luz, nele não há trevas. Se dizemos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz, assim como ele está na luz, estamos em comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dizemos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessamos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda culpa. Se dizemos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso, e sua palavra não está em nós. 
Meus filhinhos, eu vos escrevo isto para que não pequeis. Mas, se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a vítima de expiação por nossos pecados. E não só pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo".
                                                                                                            Bíblia Sagrada, João 1- 2

sábado, 5 de março de 2016

Como estabelecer a paz verdadeira

O movimento pela paz consiste fundamentalmente em olhar o bem.
"Não resistais ao mal" - assim disse Jesus, portanto, devemos divulgar que o mal não tem existência originária, e que cada qual deve olhar a parte boa do outro. Todos os homens são bons na sua imagem Verdadeira, na sua essência, porém, essa bondade não se manifesta quando não a reconhecem.
Se reconhecerem o bem, aparecerá infalivelmente na Terra (mundo fenomênico) o bem que já existe no céu. Isso ainda não está acontecendo, porque a humanidade não olha esse bem, sintoniza suas ondas mentais com ondas de ilusão, e assim a perfeição existente no reino de Deus desaparece antes de se manifestar na Terra. Então, é preciso negar a existência do mal para concretizar na superfície terrestre o paraíso celestial de paz eterna.

Masaharu Taniguchi, Caminho que transcende a vida e a morte, vol. Suplementar, 2012