A) Obsessão e Desobsessão
O que é a obsessão?
É o "domínio que alguns Espíritos podem adquirir sobre certas pessoas" (Kardec, O Livro dos Médiuns)
Trata-se, portanto, de problema crucial no campo da fenomenologia espírita, no que diz respeito à influência oculta dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e nossas ações, produzindo um conjunto de fenômenos designado genericamente por obsessão. Ela consiste na tenacidade de um Espírito do qual não se consegue desembaraçar (Livro dos Médiuns).
Esse domínio parte sempre de Espíritos inferiores, já que os bons nunca exercem nenhum tipo de constrangimento sobre os demais:
"Os bons aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os escutam, preferem retirar-se. Os maus, pelo contrário, agarram-se aos que conseguem prender. Se chegam a dominar alguém, identificam-se com o Espírito da vítima e a conduzem como se faz com uma criança".
Não se trata de um problema novo, visto que a Bíblia, no Velho e no Novo Testamentos registra casos dessa natureza.
A linguagem do Universo é a linguagem do pensamento; nós captamos a presença e a influência dos espíritos pelas afinidades de pensamentos e sentimentos. Por isso a importância de termos sempre bons pensamentos e sentimentos e estarmos sempre em sintonia com a prece com o coração puro. Jesus disse: "ORAI E VIGIAI".
É muito importante o estudo constante e determinado dos Ensinamentos Crísticos. Nada se faz sem o conhecimento da nossa verdadeira origem - a espiritual. Há que se dedicar primeiramente à aprendizagem espiritual para passar, gradativamente, aos trabalhos mais efetivos do exercício da caridade.
Quais os tipos de obsessão existentes?
Em virtude do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz, podemos classificar esse conjunto de fenômenos como:
Obsessão simples - o Espírito malfazejo impõe-se a um médium (a uma pessoa), de forma desagradável, dificultando as comunicações com os Espíritos sérios ou com os de nossa afeição. A ela estamos sujeitos diariamente. A obsessão se dá pela mente (de mente a mente); irradiam o seu pensamento até nós. Atraímos Espíritos que pensam como nós.
"Diga-me com quem andas, e eu te direi quem és". Em sequência cabe a pessoa aceitar se aceitar ou não a sua influência. Há que ter a atenção que eles só se ligam com os nossos defeitos.
Se aceitamos aqueles pensamentos e atos sugeridos, o obsessor aumenta o seu domínio sob o seu obsidiado e, assim, passa para a 2ª fase que Kardec chama de Fascinação.
Fascinação - quando o discernimento do obsediado fica prejudicado, a pessoa passa a ter dificuldade de discernir o bem do mal e passa a tomar atos ruins como sendo bons, que passa por ser "natural".
Portanto, as consequências são muito mais graves, levando a vítima a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas, como sendo as únicas expressões da verdade. Pode arrastá-la a ações ridículas, comprometedoras e até mesmo bastante perigosas (Livro dos Médiuns). A partir daí vem o 3º estágio, mais sério, a Subjugação.
Subjugação - o obsessor domina totalmente a vontade da vítima; muitas pessoas que estão internadas em casas de saúde mental sofrem esse processo; a pessoa comete atos reprováveis sem ter como evitar porque a influência do obsessor já é muito profunda.
Na subjugação ocorre "um envolvimento que produz a paralisação da vontade da vítima, fazendo-a agir malgrado (em desagrado) seu. Esta se encontra, numa palavra, sob um verdadeiro jugo", que pode ser moral ou corpóreo, levando o médium a atitudes absurdas ou aos atos mais ridículos que se possa imaginar, bem como a movimentos involuntários.
As obsessões - trata-se, portanto, de um dos maiores perigos (escolhos) da mediunidade, e um dos mais frequentes, constituindo-se "um obstáculo absoluto à pureza e veracidade das comunicações".
Causas gerais da obsessão, via de regra: problemas reencarnatórios; tendências viciosas; egoísmo excessivo; ambições desmedidas; aversão a certas pessoas; ódio; sentimentos de vingança; discussões e irritações; futilidades; apego ao dinheiro, etc.
Apesar do perigo da obsessão, Kardec observa que não há nenhum inconveniente em ser médium, pois o Espiritismo pode servir de controle e preservar o médium do risco incessante a que se expõe. É preciso, para isso, estudo e observação de certos cuidados para evitá-la ou tratá-la convenientemente, quando necessário.
E, uma vez verificado o problema, há diversos meios de combatê-lo.
Para a obsessão simples, Kardec aponta duas medidas essenciais:
- provar ao Espírito que não foi enganado por ele e que será impossível deixar-se enganar;
- "apelar fervorosamente ao seu bom Anjo e aos bons Espíritos que lhes são simpáticos, suplicando-lhes assistência" (Livro dos Médiuns, ítem 249)
Na fascinação há uma só coisa a fazer: convencer a vítima de que foi enganada e reverter a sua obsessão ao grau de obsessão simples, o que nem sempre é fácil, senão impossível, dada a própria postura do obsedado, refratário (desobediente) a qualquer conselho ou orientação. Quanto a subjugação corpórea, se trata mediante a intervenção de uma terceira pessoa, por meio de magnetismo ou pela força da sua própria vontade.
Em todos os casos, as imperfeições morais do obsedado é que são frequentemente um obstáculo à sua libertação. São elas que dão acesso aos espíritos obsessores.
"O meio mais seguro de livrar-se deles é atrair os bons pela prática do bem". (Livro dos Médiuns, item 252)
A cura da obsessão, assim, revela-se uma autocura, que implica:
- confiança em Deus e nas forças naturais
- vigilância dos pensamentos, sentimentos e palavras
- reformulação do conceito de si mesmo
- mudança na maneira de encarar os semelhantes
- manter a mente arejada e o pensamento sempre elevado
- desenvolver a fé
Jesus, ao preceder a uma cura, advertia o beneficiado: "Vá e não peques mais, para que te não suceda coisa pior". (Lucas, 5:14)
Reside ai, a necessidade de cada um de reforma interior e de evangelização de suas atitudes.
Nossas provas não podem ser suprimidas pelos Espíritos, mas, na medida das oportunidades, devemos invocar o auxílio da Espiritualidade Superior.
"Buscai e achareis; pedi e obtereis; batei e abrir-se-vos- á". (Mateus, 7:7)
Sintetizando nossa absoluta necessidade de:
- oração
- vigilância permanentes
Leitura complementar : Livro dos Médiuns - Capítulo XXIII
A Gênese - Capítulo XIV